Censo Demográfico de 2021 é cancelado por falta de recursos no Orçamento
O Orçamento de 2021, que foi aprovado e publicado na quarta-feira (22), não direciona recursos orçamentários suficientes para a realização do Censo Demográfico, que estava previsto para acontecer neste ano. A verba inicial de R$ 2 bilhões, que seria destinada ao IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –, sofreu drástica redução à medida em que o texto do orçamento era analisado pelo Congresso Nacional. O texto final destinaria o valor de R$71,7 milhões ao órgão – 96% a menos do que o previsto inicialmente –; no entanto, o Presidente da República, Jair Bolsonaro, vetou parte deste valor, direcionando ao IBGE apenas R$53 milhões de reais.
O Censo Demográfico normalmente acontece a cada 10 anos. A expectativa do IBGE era de realizar o Censo no ano de 2020, mas o calendário sofreu alterações por conta da pandemia de covid-19, adiando a realização das pesquisas para o ano de 2021. Ontem (23), o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, confirmou nova postergação do recenseamento.
Não há, ainda, estipulação de um novo ano para a realização do recenseamento. O Instituto anunciou a retomada de tratativas com o Ministério da Economia, buscando realizar o Censo Demográfico em 2022. Todavia, com o veto de Bolsonaro equivalente a R$ 17,7 milhões de reais, pairam dúvidas sobre a impossibilidade de realização do Censo até mesmo no ano de 2022. O sindicato de servidores do IBGE avalia que sejam necessários R$ 239 milhões para manter os preparativos do censo em 2021 de forma a possibilitar que a coleta vá a campo em 2022.
“Primeiro que não vai ter censo este ano, mas com o dinheiro que está disponível não vai ter nem no ano que vem. Porque precisa de dinheiro para os preparativos, como a atualização do cadastro de endereços, que não pode ser feita por causa da pandemia. Tem que fazer licitação para compra de equipamentos, que precisa ocorrer com antecedência. O cenário que parece no horizonte é que não vai ter censo”, alertou Roberto Olinto, atualmente pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
A nova suspensão do Censo preocupa sobre os rumos que o país deverá tomar em relação às políticas públicas. Além da contagem populacional, a pesquisa traz dados sobre condições de vida, emprego, renda, acesso a saneamento, saúde e escolaridade, entre outros. Essas informações são essenciais para o desenvolvimento e implementação de políticas e para a realização de investimentos públicos e privados.