Morte de morador de SP por sarampo faz subir alerta contra doença em Minas

A primeira morte por sarampo no Brasil neste ano, em São Paulo, faz disparar o nível de preocupação e de alerta contra o mal em Minas e em todo o país. Altamente contagiosa, a virose pode ser fatal, e também provocar sequelas neurológicas. O temor de que o vírus se espalhe em Belo Horizonte já vem provocando transtornos. Em uma semana, casos suspeitos da doença já provocaram interdição temporária de atendimento por 16 ocasiões em 15 unidades de saúde da capital. A medida foi tomada em caráter preventivo, para evitar eventual contaminação de mais pessoas na cidade, que já confirmou dois diagnósticos. Outras duas pessoas foram infectadas em Minas Gerais, que investiga mais 55 notificações. A estimativa da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) é de que aproximadamente 8,9 milhões de pessoas em território mineiro não estejam protegidas com as suas doses necessárias da vacina. Na tentativa de reforçar a imunização, um posto será aberto hoje no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na Grande BH.

O sarampo vem se espalhando rapidamente pelo país. Já são 13 estados com registros de surto da doença, segundo o Ministério da Saúde. A situação mais crítica é em São Paulo, que, entre 2 de junho e 24 de agosto, registrou 2.299 casos. Ontem, foi divulgada a morte de um homem, de 42 anos, sem registro de vacinação, que era morador de Itaquera, na Região Leste da capital paulista. Foi o primeiro óbito no estado desde 1997 e o primeiro neste ano no país, que, depois de ficar desde 1999 sem registrar casos fatais da virose, teve em 2018 o retorno da doença, com 12 mortes.

Na tentativa de conter os avanços do vírus, o Ministério da Saúde está enviando, desde a última semana, o reforço de 1,6 milhão de doses extras de vacinas para todos os estados. Crianças a partir de 6 meses já podem receber a imunização. A tríplice viral, que também protege contra a caxumba e a rubéola, deve ser tomada por pessoas até 49 anos.

Dos 55 casos que estão sendo investigados em Minas, três devem ser confirmados em breve, o que elevaria para sete o número de infectados. São moradores de Viçosa (Zona da Mata), Uberlândia (Triângulo Mineiro) e Passos (Sul de Minas) que tiveram contato com pessoas de São Paulo. E a quantidade de casos suspeitos tende a subir, como indicam, as últimas 16 interrupções no atendimento de 15 unidades de saúde de BH, após entrada de pacientes com sintomas compatíveis com a virose. Cinco dessas interdições temporária ocorreram em unidades de pronto-atendimento (UPAs).Somente ontem, foram fechados os centros de saúde Oswaldo Cruz, no Barro Preto, e o Nossa Senhora Aparecida, no Bairro São Lucas, ambos na Região Centro-Sul. “A suspensão temporária no atendimento diante de um caso suspeito de sarampo segue protocolo definido pelo Ministério da Saúde. Esse processo dura em média duas horas. O protocolo prevê a suspensão de admissão de novos pacientes, verificação da situação vacinal de todas as pessoas que estão dentro da unidade e aplicação de doses para quem ainda não foi imunizado”, informou a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte.

Os cuidados para se evitar a propagação da doença são importantes. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que, depois de anos sem registrar infecções pelo vírus, o Brasil já ocupava na sétima colocação no mundo na distribuição de casos confirmados entre junho de 2018 e maio deste ano. “É uma doença extremamente grave, que pode deixar sequelas neurológicas e até provocar mortes. A mortalidade chega a 1%, o que não é pouco. Se olhar a população total do país, são milhões de pessoas”, alertou o infectologista Carlos Starling, integrante da Sociedade Mineira de Infectologia.

Uma das formas mais eficazes de fazer o bloqueio do vírus é a vacinação, em doses que estão disponíveis, gratuitamente, em todas as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). “A vacinação é fundamental na prevenção e no combate à disseminação do vírus. É preciso ampliá-la ao máximo. Temos que atingir 95% de pessoas imunizadas para evirar que o vírus se dissemine”, alertou o especialista.

Confins

Passageiros e visitantes do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, podem se vacinar contra o sarampo a partir de hoje no terminal, onde foi montado um posto pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG). O atendimento vai ocorrer de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h, no primeiro andar. A concessionária BH Airport, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o município de Confins apoiam a iniciativa.

Segundo a Saúde estadual, a ação tem como “objetivo imunizar a população aeroportuária que circula no local, bem como todas as pessoas que frequentam o aeroporto, tendo em vista que o terminal tem um alto fluxo de pessoas e alguns estados brasileiros estão em alerta em relação à doença”. A vacinação foi ampliada em todo país. Crianças entre 6 e 11 meses de idade também deverão ser imunizadas. Mas autoridades de saúde alertam que a dose zero não substitui as restantes. Com isso, as crianças devem ser vacinadas novamente aos 12 meses e aos 15 meses. 

Protocolo

É definido como caso suspeito de sarampo todo paciente que, independentemente da idade e da situação vacinal, apresentar febre e manchas na pele, acompanhadas de tosse, coriza ou conjuntivite, isolada ou associadamente. Tem a mesma classificação todo indivíduo com quadro suspeito com história de viagem para locais com circulação do vírus do sarampo nos últimos 30 dias, ou que tenha tido contato no mesmo período com alguém que viajou para local com circulação viral.

Por EM

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