Artigo: Política como união e não discussão
As intrigas políticas, aqui compreendidas como sendo também aquelas existentes entre membros e simpatizantes de determinados grupos políticos, são constantes no cenário atual, de modo que a política ao invés de unir os cidadãos em prol de um interesse maior acaba por segregá-los, onde cada “egoísta” busca somente a realização individual.
A política, ao contrário de como tem sido usada, deve ser vista como uma forma de trazer civilidade, e mesmo que haja divergências de ideais, isto não pode ser visto como forma de provocação ou mesmo traição, muito pelo contrário, se todo mundo pensasse da mesma forma e fizesse a mesma coisa, ninguém descobriria o “novo”.
O grande mal envolto nessa questão é basicamente o fato de que as pessoas não estão preparadas a ouvir, mas somente em falar, e quando se veem contrariadas em suas ideias, não respeitam opiniões e “brigam” para impor ao outro o mesmo pensamento que o seu. Assim, o debate que é uma das formas mais eficazes para a solução de problemas, se torna a “espada e a lança” na “guerra política”.
No período eleitoral pelo qual passamos, temos oportunidade de presenciar essa divisão entre os eleitores, o que não é estranho e até mesmo aceitável, uma vez que devido a liberdade política cada um apoia aquilo que se identifica. Nesse ponto, o que não é aceitável é o fato dos eleitores criarem verdadeiros inimigos, simplesmente por estarem apoiando ideias diferentes, gastando assim suas energias no intuito de discutir e não de construir uma política melhor através do voto.
Amizades não podem ser perdidas em detrimento de ideias contrárias, principalmente pelo fato de que a política é dinâmica, ou seja, para os políticos quem hoje é contrário a ele, amanhã poderá estar ao seu lado, e isso percebemos a cada novo pleito. Assim podemos entender que entre candidatos, não todos, mas sua maioria, caso necessário aos seus interesses, se tornarão “amigos de infância” de seus antigos “inimigos”.
Desse modo, é literalmente “burrice” perdemos amigos enquanto os verdadeiros atores do cenário político agem somente em prol dos seus interesses, “amando e odiando” quem lhes interessa e quando lhes interessa, na sua busca constante pelo poder.
Por fim, é essencial que tenhamos consciência de que o respeito e tolerância são necessários e cabe em qualquer lugar, e mesmo que não concordemos com os ideais do outro, devemos sempre garantir e proteger o seu direito de dizê-lo. Como já disse Rubem Alves, “Todo mundo quer aprender a falar… Ninguém quer aprender a ouvir”.
Dr. Lucas Guirra – Advogado no Escritório Valadares & Guirra Advogados em Coromandel-MG.