Combustível, gás e medicamentos: paralisação provoca reflexos em Coromandel
A paralisação do transporte de carga iniciada na semana passada e que deve permanecer por mais alguns dias já causa desabastecimento em vários setores do comércio, em Coromandel, e exige planejamento da parte dos consumidores. O movimento também promoveu reflexos na educação, com a suspensão de aulas.
Os itens que acabaram mais rapidamente na cidade foram justamente os derivados de petróleo. Na quinta-feira (24), estoques de GLP (gás de cozinha) se esgotaram na Codel Gás, que vende o produto no atacado e no varejo, tanto em Coromandel como em cidades vizinhas. No dia seguinte, foi a vez do etanol e da gasolina terem os estoques zerados no município.
O Jornal de Coromandel apurou ainda que as farmácias também estão com problemas para atender à população e têm realizado ‘intercâmbio’ de produtos entre as empresas para não deixar as pessoas ‘na mão’.
A paralisação também afetou o setor de Educação, com escolas públicas – do município e do Estado -, e Faculdades suspendendo aulas.
A reportagem apurou que, para minimizar o impacto das paralisações entre os produtores rurais, os caminhoneiros vão permitir a passagem de caminhões leiteiros, porém a passagem para o produto industrializado seguirá fechada.
A questão do leite era um problema tanto para os produtores quanto para os caminhoneiros. Era sensível para os pecuaristas pois o prejuízo estava sendo grande. O Jornal de Coromandel obteve relatos de diversos produtores que tiveram que descartar milhares de litros para não ter mais problemas.
Um produtor, que apoia a paralisação, afirmou que perdeu cerca de R$ 25 mil por dia por ter que descartar o leite, que não pode ser transportado para os laticínios.
A questão chegou aos caminhoneiros, que sensibilizados e atentos para não perder o apoio conquistado no meio, decidiram liberar a passagem neste caso.
Confira abaixo a apuração em outros setores. (A matéria será atualizada sempre que houver novas informações).
Supermercados e Alimentação
No supermercado Progresso, o estoque de alimentos básicos foi zerado. Arroz, feijão e açúcar já não são encontrados nas prateleiras. Segundo o proprietário Arildo Timóteo, a empresa também está com baixa quantidade de carnes de boi e não tem mais produtos de frango (inteiro e congelados). O gás de cozinha também acabou.
O cenário, contudo, varia em outras empresas.
No supermercado Pontual Progresso, o estoque de horti fruti e o açougue estão bem abastecidos, até o momento.
A distribuidora da carnes Boi Branco que o impacto da paralisação em seu negócio foi imediato, prejudicando a distribuição para os municípios vizinhos que atende. “Mor. Os clientes de Coromandel, pelo abate e distribuição ocorrer dentro do próprio município, foram atendidos, porém devida a baixa disponibilidade dos recursos ficamos limitados”, afirmou a gerente administrativa, Joziely Faria. A empresa também se mostrou favorável às manifestações. “Essa paralisação é por todos nós, que queremos viver em um País mais justo, com uma administração bem planejada
e voltada para o bem de todos”, acrescentou Joziely.
Farmácias
O estado ainda não é crítico, mas as drogarias e farmácias de Coromandel não recebem produtos há pelo menos 10 dias. “Não está chegando medicamentos nem itens de perfumaria, nada”, afirmou a farmacêutica Talita Ubagai, proprietária de duas drogarias da Rede Droga Mais Brasil.
O presidente da Associação de Farmácias e Drogarias de Coromandel (AFDC), Douglas Louli, afirmou que os empresários do setor apoiam a paralisação, porém alerta para os baixos estoques dos estabelecimentos. “Somos 23 farmácias [na associação]. Hoje, várias estão com falta de medicamentos básicos, mas sempre uma [empresa] está socorrendo a outra”, disse.
Gás de Cozinha
Uma das maiores distribuidoras de gás de cozinha da região, a Codel Gás afirmou que, apesar de sempre ter um grande estoque, o produto acabou dois dias após o início da paralisação, em Coromandel. “Infelizmente na quinta-feira de manhã não tínhamos mais estoque, nem condições de buscar, porque em Uberlândia, que é nossa base, também tinha acabado”, afirmou a empresária Emanuelle Resende.
As perspectivas para a chegada também não são muito positivas. Isso porque, segundo Emanuelle, se a paralisação terminasse nesta segunda, a região só conseguiria retomar a comercialização vários dias depois, pois os produtos precisariam vir de Paulínia (SP) ou do Rio de Janeiro.
A empresária pretende fazer um revezamento de sua equipe de trabalho nos próximos dias, dando folga para alguns funcionários por causa da falta de serviço.
Apesar do prejuízo, Emanuelle também apoia a manifestação dos caminhoneiros.
Lanchonetes, restaurantes e deliverys
O setor de alimentação sofreu em diversas frentes. A hamburgueria Big Chef, por exemplo, viu aumentar o custo dos produtos utilizados em seus lanches. “A paralisação nos afetou muito, pois trabalhamos com delivery (entrega a domicílio) e foi difícil manter com a falta de combustível, sem falar no aumento de preços de hortifrutigranjeiros, que afeta diretamente os preços. Porém, não aumentamos o valor dos lanches para o consumidor final, pois seria uma prática antiética e oportunista”, afirmou o proprietário, chef Carlos Tiago.
Outras lanchonetes e restaurantes também tiveram problemas nessa área.
Combustível
Etanol e gasolina não são encontrados nos postos de combustível de Coromandel desde sexta-feira, pela manhã. Com medo do desabastecimento, diversos motoristas correram para as bombas e zeraram o estoque dos produtos, provocando inclusive filas e congestionamento próximo aos estabelecimentos.
Na quinta-feira, o empresário Oduvaldo Miguel Pereira, proprietário de três postos na cidade, afirmou que tinha caminhões tanque carregados em rodovias da região, mas parados pelos manifestantes.
Educação
A Prefeitura de Coromandel suspendeu as aulas na rede municipal (pré-escolar e ensino fundamental) “em virtude das dificuldades geradas pela crise de abastecimento/combustível, ocasionada pela greve nacional dos caminhoneiros”, a partir desta terça-feira (29), sem previsão de retorno.
O Governo do Estado voltou a decretar a suspensão das aulas até sexta-feira (1º de junho) pelo mesmo motivo.
A Faculdade Cidade de Coromandel também informou que não haverá aula nesta segunda-feira (28).
A Fundação Mário Palmério (Fucamp), de Monte Carmelo, a Faculdade Patos de Minas (FPM) e o Centro Universitário Patos de Minas (Unipam) suspenderam as atividades escolares até terça-feira (29).
A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) cancelou as aulas até o dia 2 de junho.
- Esta matéria será atualizada com novas informações conforme for ocorrendo a apuração.
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