Epamig desenvolve pesquisa de sementes para estimular cultivo do trigo no Alto Paranaíba
A produção de trigo cresceu significativamente em Minas Gerais, desde 2005. Atualmente, o estado produz cerca de 250 mil toneladas ao ano, para um consumo interno superior a um milhão de toneladas.
Neste cenário, pesquisas do “Programa de Desenvolvimento de Cultivares de Trigo Sequeiro para Minas Gerais”, dinamizado pelas parcerias entre Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Universidades Federais de Viçosa e Lavras, ganham espaço para atender à demanda do estado por este tipo de cultivo e beneficiar produtores.
As pesquisas acontecem no Campo Experimental de Sertãozinho da Epamig, em Patos de Minas, região do Alto Paranaíba, e estão divididas em duas frentes de trabalho: o desenvolvimento de cultivares que tenham tolerância à seca e outras que resistam a uma doença do trigo, tradicionalmente conhecida como brusone.
Este trabalho, iniciado em 2009, busca desenvolver linhagens adaptadas às condições de clima e de solo do estado e de cada região, no caso de Minas Gerais, o clima quente e seco. Essa tolerância da cultivar de trigo sequeiro varia muito de clima e de época, mas a pesquisa busca desenvolver outras cultivares, que sejam mais produtivas nestes ambientes.
“Uma nova cultivar para ser lançada exige registro no Ministério da Agricultura e comprovação da eficiência da pesquisa, e pode demorar de 8 a 10 anos. Entre as diversas etapas, temos que selecionar milhares de materiais, testar por quatro ou cinco anos, especificar a qualidade e a aptidão e informar suas características para quem vai comprar as sementes. Diversas linhagens estão sendo avaliadas nas fases finais do desenvolvimento de novas cultivares”, afirmou Maurício Coelho, pesquisador do Campo Experimental de Sertãozinho da Epamig, em Patos de Minas
A meta principal, segundo o pesquisador é produzir em Minas Gerais todo o trigo que nós consumimos no estado ao longo do ano, pelas empresas de paneteria e alimentícia.
A perspectiva inicial é de que as novas cultivares tenham o potencial de disseminação do cultivo do trigo, para que o produtor saiba que o cultivo vai trazer lucratividade.
Além de benefícios no cultivo, a expectativa é gerar emprego e renda e movimentar a economia no setor. Dos ganhos econômicos diretos obtidos com a venda dos grãos, a cultura do trigo propicia vantagens econômicas indiretas devido à palhada deixada sobre o solo.
A palhada do trigo é bem resistente e demora para ser decomposta, proporcionando proteção do solo por um período prolongado, retendo umidade no solo, impedindo a germinação de plantas invasoras e impedindo multiplicação de algumas doenças das culturas de verão como milho e soja.
Os benefícios da palhada do trigo promovem redução nos custos finais de produção nestas culturas de verão.
Trigo tradicional
Há em Minas Gerais diversas cultivares plantadas, sementes que foram desenvolvidas no Paraná, mas com o crescimento do plantio de trigo em Minas Gerais os produtores buscam as sementes mais próximas. Por isso, essas sementes precisam ser plenamente adaptadas às regiões do território mineiro.
Atualmente diversas cultivares são recomendadas para cultivo de sequeiro e irrigado em Minas Gerais. A Embrapa lançou em 2015 duas novas cultivares para cultivo no Estado: a BRS-404 para cultivo de sequeiro, e a BR-394 para cultivo irrigado. São cultivares plenamente adaptadas às condições edafoclimáticas do estado, com alta produtividade e excelente qualidade industrial.
No Núcleo Avançado de Pesquisa de Trigo Tropical, localizado em Itiguapira, área pertence à Embrapa, a Empresa realiza a administração do núcleo, trabalhando com todas áreas de cultivo de trigo. Em Patos de Minas, estas pesquisas estão em desenvolvimento em conjunto com esta rede de pesquisa na cadeia do trigo em Minas Gerais.
Trigo em Minas Gerais
De acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura Pecuária e Abastecimento (Seapa), em 2016 já foram colhidos 81,4 toneladas em Minas Gerais. A Seapa disponibiliza estatísticas do estado, do país e a nível mundial, com dados de áreas colhidas, produção, produtividade, capacidade de abastecimento e exportação.
O Alto Paranaíba, região Central, além de parte do Sul de Minas Gerais, são as principais regiões produtoras do estado neste ano de 2016, com uma produtividade em torno de 3 mil quilos por hectare para o trigo de sequeiro. A produtividade nacional está em torno de 2,7 mil toneladas do cereal por hectare.
Incentivo ao setor
O Programa de Desenvolvimento da Competitividade da Cadeia Produtiva do Trigo (Contrigo) foi criado em 2011, com o objetivo de recuperar a competitividade da cadeia produtiva do cereal em Minas Gerais, aumentar a participação da produção e consumo estadual de trigo e derivados, com uma visão de organização de toda a cadeia do trigo. Clique aqui e confira.
Além da Seapa, que coordena o programa, diversas instituições integram o Contrigo, como a Embrapa Trigo, Epamig, Emater-MG, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Lavras (Ufla), Associação dos Triticultores do Estado de Minas Gerais (Atriemg) e prefeituras municipais.