Para a pesquisadora Margareth Dalcolmo, março de 2021 será “o mais triste de nossas vidas”

Em entrevista para a BBC Brasil na última terça-feira (02), a pesquisadora e pneumologista Dra. Margareth Pretti Dalcolmo traçou perspectivas sobre a pandemia de Covid-19 no Brasil.

Para a especialista, o Brasil vive um momento muito grave da pandemia, em razão da ineficiência das medidas de prevenção e controle do Corona vírus, além da morosidade do ritmo de vacinação em âmbito nacional. Ainda, segundo Margareth, houve uma conjunção de fatores que levaram o Brasil a um disparo de casos de Covid-19 em 2021.

“As festas de fim de ano foram trágicas, eu mesma me manifestei que o Brasil teria o mais triste janeiro da nossa história. E nós tivemos. Inclusive com o aparecimento da variante brasileira, identificada através da família que viajou ao Japão, vinda do Amazonas etc. E eu não tenho dúvida em lhes afirmar que nós teremos o mais triste março de nossas vidas, resultante das aglomerações advindas no Carnaval, desse descompasso do que nós dizemos e que algumas autoridades dizem o contrário, que não é importante usar máscara, por exemplo […] isso somado ao cansaço de uma epidemia tão longa, vai gerando um comportamento que tem sido desastroso”.

Margareth Dalcolmo, que é uma das maiores autoridades brasileiras em matéria referente à Covid-19, pontuou ainda sobre a lotação de hospitais públicos e privados e o “rejuvenescimento” do vírus, visto a maior quantidade de jovens infectados pela Covid-19 com desenvolvimento de casos graves e até mesmo com necessidade de internação, e alerta para a necessidade de manter-se com as medidas de proteção, sejam individuais ou coletivas, para que se possa então observar uma melhora no quadro geral de infecções por Covid-19 no Brasil.

“Mais uma vez, faço um apelo para que todo mundo entenda que estamos num momento muito grave, muito mais sério do que o primeiro pico. Esse número de mortes é absolutamente intolerável. O que temos de fazer é proteger a nós mesmos, nossas famílias, nossos colegas de trabalho. Sei que estamos cansados da pandemia. Mas elas são assim mesmo e levam tempo.”

Margareth Pretti Dalcolmo é doutora em Medicina (Pneumologia) pela Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (1999). Criadora e coordenadora do ambulatório de pesquisa do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, da Fiocruz. É Membro do Comitê Assessor em Tuberculose do Ministério da Saúde, e das Comissões Científicas das Sociedades Brasileiras de Pneumologia e Tisiologia e de Infectologia, da REDE TB de Pesquisa em Tuberculose e membro do Steering Committee do Grupo denominado RESIST TB, da Boston Medical School, de 2008 ao presente, além do Task Force em Novos Tratamentos da Tuberculose, de 2011-2014, e do Expert Group for Essential Medicines List da OMS, de 2015-presente. Membro do Regional Advisory Committee do Banco Mundial para projetos de pesquisa na Africa Subsaariana em Tuberculose e doenças respiratórias ocupacionais. Foi coordenadora e é membro da Câmara Técnica de Pneumologia e Cirurgia Torácica do CREMERJ.  Investigadora principal do ensaio clínico SimplicTB da Global Alliance for Tb Research.

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